quinta-feira, 29 de abril de 2010

Problemas ambientais da humanidade: degradação dos solos

Por Leonam Souza

Engenheiro Agrônomo


Disponível em: http://leonamsouza.blogspot.com/

O Solo é um recurso natural utilizado pelo homem para obter, direta ou indiretamente, alimentos, vestuário e habitação. Neste aspecto, o solo deve apresentar algumas características básicas (boa fertilidade, constituição física adequada, topografia favorável, etc.) para poder atender às demandas da população, em quantidade e qualidade. Um estudo da ONU destacou, com base em pesquisas, que ao iniciar este terceiro milênio os maiores problemas ambientais na América Latina seriam a concentração demográfica nas cidades e a destruição das florestas, em especial da Amazônia. Para toda a humanidade, a preocupação seria com a escassez da água e a expansão da desertificação. Entenda-se que áreas desertificadas surgem em conseqüência da degradação dos solos devido principalmente a ausência do controle da erosão.
Em estudo semelhante, o Instituto de Recursos Mundiais (World Resources Institute–WRI), organização não governamental com sede em Washington, após analisar os vários elementos da natureza degradados no decurso dos últimos séculos, constatou uma série de agressões aos diversos ecossistemas terrestres e aquáticos, e declarou que “mais de dois terços das terras agrícolas foram degradadas devido à erosão, à poluição e ao empobrecimento dos solos.” E concluiu: “o desafio do novo milênio reside no uso adequado do solo e só ele vai garantir mais alimentos às gerações futuras.”
Depois que o solo é formado pela ação dos agentes intempéricos sobre as rochas, a natureza procura protegê-lo, cobrindo-o com uma capa de vegetação; ao retirar esta capa para realizar uma exploração qualquer, o homem expõe o terreno à ação direta da água da chuva e do vento. A partir daí, a degradação de um solo pode ser provocada pelo esgotamento da fertilidade, com a realização continuada de cultivos e queimadas sucessivas; erosão acelerada, contaminação por fertilizantes e/ou pesticidas; compactação ou salinização. Alguns agricultores e pecuaristas não percebem o desgaste dos terrenos pela lavagem do solo; outros consideram natural esse transporte. Pura falta de informação!
A metodologia da exploração inadequada das terras está concorrendo para acelerar a degradação dos solos brasileiros e dentre as práticas erradas destacam-se: aradura, semeadura e cultivo no sentido do declive ( morro-abaixo); eliminação da matéria orgânica por queimadas desnecessárias; utilização de terrenos íngremes como pastagem; a superlotação das áreas de pastoreio que ocasiona a compactação da camada arável, a utilização intensiva de máquinas sem conhecer efetivamente as condições físicas dos solos. Sem dúvida, a erosão hídrica dos terrenos é responsável pelos efeitos diretos na redução da produtividade agropecuária e pelas conseqüências negativas nos recursos ambientais, pois a terra transportada pelas enxurradas provoca sérios danos à qualidade da água, poluindo os reservatórios e os mananciais.
Vale salientar que em uma região de solo degradado, se não forem adotadas medidas que eliminem as causas provocantes, pode tornar-se desertificada, isto é, ter a sua fertilidade totalmente exaurida além de perder a capacidade de retenção da água indispensável ao desenvolvimento das culturas. A área desertificada é uma gleba que, embora não seja um deserto na concepção técnica do termo, a este se assemelha, pela ausência de potencial biológico do solo. É preciso reconhecer que a susceptibilidade de degradação está ligada ao clima e as características físicas do solo, e esta condição faz com que os solos apresentem riscos bem diferenciados neste contexto. Acontece que os usuários não reconhecendo os limites exploratórios das terras, geralmente vão muito além desses limites e introduzem fatores negativos no meio ambiente que podem culminar em desertificação. Em muitas regiões fitogeográficas do território brasileiro já existem extensas áreas degradadas e algumas já estão desertificadas.
O conservacionismo como um processo de gestão, é o caminho que deve ser trilhado para permitir a utilização dos elementos da biosfera com o maior benefício sustentado para a população atual, porém mantendo as potencialidades que garantam a satisfação das necessidades e aspirações das gerações futuras. Assim, o objetivo básico de um programa de conservação do solo e da água é o de planejar a utilização dos elementos naturais, de modo a que as explorações dos solos se realizem de acordo com a capacidade potencial de cada gleba.
O planejamento conservacionista prevê a utilização e manejo adequados das terras, o estabelecimento de processos de controle da erosão e das práticas para a melhoria da produtividade das explorações agrícolas, baseados nas interações entre o clima, as características dos solos e as demandas sócio-econômicas. Nos últimos cinqüenta anos, os pesquisadores têm alertado a sociedade e, em especial, os governantes, acerca da importância da conservação do solo e da água para a subsistência da população atual e, destacadamente, das gerações futuras, com uma advertência: “será deste mesmo solo, que hoje está sendo explorado, que os habitantes do próximo milênio terão que extrair seus alimentos”.