sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Por que as instituições sociais têm tanta dificuldade em captar recursos das empresas?

Artigo da Jornalista Julianna Antunes, pós-graduada em responsabilidade social empresarial e terceiro setor e com vários trabalhos desenvolvidos em sustentabilidade corporativa e green business, publicado no site http://www.sustentabilidadecorporativa.com/

Tenho certeza que a maioria (se não todas) as pessoas que trabalham em instituições sociais vão comentar o título dizendo: captar recurso privado nunca foi fácil. A crise só piorou. Concordo. Em partes. Ao contrário de países como os Estados Unidos, por exemplo, o Brasil não tem cultura de filantropia. Lá, pessoas físicas e jurídicas doam para causas que acreditam ou querem retribuir de alguma forma um benefício obtido no passado. Aqui é bem diferente.

Sim, temos a barreira cultural. Sim, a crise agravou a situação. Inclusive há pouco tempo tive acesso a uma a pesquisa sobre o impacto da crise no setor social e os números não são muito animadores: para 66% dos entrevistados, o número de doadores PJ caiu. Para 71,5% o volume da doação caiu. Ou seja, o que era difícil, ficou ainda mais complicado.
No entanto, já antes da crise, as empresas faziam uma movimentação que não sei até que ponto foi percebida pelas instituições sociais: o da criação de seus próprios institutos / fundações e a criação do ISE (investimento social estratégico). Hoje as empresas não querem fazer filantropia, mas sim investir em ações alinhadas ao seu negócio, além de ter controle sobre como o dinheiro é aplicado nos projetos sociais. E mais do que isso: também querem resultados concretos.
Já foi época em que as instituições conseguiam captar, principalmente no exterior, sem apresentar resultados mensuráveis, ou sem precisar prestar contas. Atualmente, além de o dinheiro estar mais escasso, quando uma empresa faz uma doação via ISE, ela quer também quer saber se o projeto é compatível com seus valores e com o planejamento estratégico da área de sustentabilidade. É aí que vemos a maior dificuldade de se captar dinheiro.
Ainda que os projetos sejam de altíssima qualidade, muitas (muitas mesmo) ONGs insistem em não focar em quem realmente pode ser doador. Repito: as empresas estão cada vez mais reticentes para a filantropia. Se o ISE é disponibilizado para educação tecnológica já que, por exemplo, esse é um ponto nevrálgico dá área de recrutamento e seleção da empresa, não adianta apresentar um projeto de escolinha de futebol na favela porque não vai conseguir nada.
Tem uma frente acadêmica, inclusive, que não lida com a sustentabilidade na prática, mas critica muito o fato das empresas exigirem uma contrapartida para o investimento social (e também ambiental). Mas pensemos: o que é sustentabilidade corporativa? É um processo de negócio alinhado ao planejamento estratégico, que busca maximizar o lucro sem comprometer (ou mitigando os impactos) o meio ambiente e a sociedade. Se tem a ver com o lucro, é investimento, portanto, longe de ser filantropia. E aí eu pergunto: qual o problema de ser assim?
A questão é: há muito tempo as instituições sociais falam de profissionalização, de busca pela autossustentabilidade, de gestão mais austera. No entanto, a maioria não vai além do discurso. Só que está na hora de começar a agir, pois a crise forte (principalmente se considerarmos as doações do exterior) e as mudanças no investimento social das empresas não permitem mais amadorismo. Além disso, se adaptar aos novos tempos pode ser, em muitos casos, a questão de continuar existindo. Ou não.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

O consumo verde



Por Fabricio Batista de Oliveira
Profissional de Marketing e Graduando em Administração de Empresas

A proposta do consumo verde é do consumidor priorizar e consumir produtos que sejam ecologicamente corretos e que não agrida a natureza.
Mas existe uma situação que me vem à cabeça: "Será esta a solução dos nossos problemas?"
A idéia de consumo verde vem na contramão de tudo que até hoje nós conhecemos sobre propaganda e marketing, onde a indução do consumo era e é em algumas organizações, o foco do negócio. Comprar, vender, usar, reutilizar e trocar, são palavras que mais se encaixam e melhor soam quando nos referimos a marketing e propaganda.
E sustentabilidade, ecologia e a ecosuficiência, não são palavras que se encaixam com pouca sonoridade quando referimos ao consumo.
Hoje fica mais evidente que o consumidor tornou-se mais atento na contribuição da empresa para a sociedade. O que a empresa faz para ajudar a comunidade, o seu entorno, e o seu papel em tornar o mundo um pouco melhor.
Hoje o consumidor tem a atitude de boicotar o consumo de produtos que não seguem esta tendência.
Um dos fatores mais impactantes neste cenário, e com um importante papel na propagação da idéia de consumo verde, é a proliferação das redes sociais eletrônicas.
Em questões de horas, ficamos sabendo da crise econômica mundial, através da propagação de forma geométrica das informações pelas redes.
Da mesma forma acontece com as organizações que atuam no mercado.
Suas ações, boas ou ruins, são jogadas na rede de computadores e propagadas de forma exponencial.
Sem perder o foco da nossa discussão, eu volto a indagar a mesma afirmação de que o consumo verde não é a solução para nossos problemas.
Acredito que o foco da discussão para que o impacto do consumo seja mais eficiente, é o nível de consumo, e consumo de uma maneira responsável.
As questões que ligam a sustentabilidades seguem uma ordem, um seguimento, um ciclo.
Se eu consumo muito, mais embalagens eu uso, se mais embalagens uso, mais lixo eu gero e assim cria um ciclo de espiral ascendente.
A minha proposta ao consumidor não é o boicote às empresas que não estão na linha da sustentabilidade e do ecológico, mas sim a conscientização do consumidor de que ele deve consumir aquilo que precisa.
Finalmente eu jogo um novo termo "consumo responsável", será que pega?

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